O imaginário que envolve a Inteligência Artificial (IA), principalmente em suas imagens estrategicamente pré-concebidas (como robôs brancos, cabeças humanas com circuitos integrados e esquemas holográficos), não permite perceber que elas desempenham um papel ativo na medida em que criam um habitus cultural, uma visão ou imagem do mundo que leva os indivíduos a acreditarem na eficácia concreta da IA e no seu potencial para as nossas sociedades.
Mas apesar das tecnologias digitais atuais, baseadas principalmente em algoritmos de IA e big data, oferecerem serviços cada vez mais personalizados, essas máquinas são indiferentes aos indivíduos. Essas criações personalizadas só importam se forem úteis para que as máquinas e seus proprietários armazenem e processem seus dados. A eficácia dessas máquinas não depende apenas da sua capacidade concreta de classificar o mundo social. A sistematização dos usuários com base em sua participação em classes de ações e preferências está repleta de expectativas, medos e imaginários mais gerais do ser humano em relação a essas tecnologias e às suas capacidades. Ou seja, existem condições culturais e simbólicas que tornam possível o sucesso dessas tecnologias.
Para discutir esse tema o GEDII/ECI/UFMG, desenvolveu o projeto de visita internacional para receber o pesquisador Alberto Romele, Professor associado de Comunicação e teoria da mídia no Instituto de Comunicação e Mídia (ICM) da Universidade Sorbonne Nouvelle, em Paris. Seus estudos são dedicados à hermenêutica digital, aos imaginários da IA e ao uso de imagens populares na comunicação sobre ciência e tecnologia. Também participou como convidado o professor Armando Malheiro, da Universidade do Porto.
A visita incluiu diversas atividades, algumas transmitidas online e disponíveis para acesso no canal do GEDII no YouTube, como a Conferência Habitus Digital e o Seminário Ética, Informação e IA.

